Quem Pode Dar Passe Espírita? Entenda os Requisitos e Propósito

O que é o passe espírita?

Definição e fundamentação na Doutrina Espírita

O passe espírita é uma prática simples, porém profunda, que consiste na transmissão de energias espirituais de uma pessoa para outra. Segundo a Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec, todos os seres vivos são envolvidos por um campo energético conhecido como perispírito, que conecta o espírito ao corpo físico. O passe atua diretamente nesse campo, auxiliando no equilíbrio e na harmonização das forças que compõem o ser humano.

Como explica Kardec em O Livro dos Espíritos,

“O fluido vital se transmite de um indivíduo para outro. Aquele que o tiver em menos quantidade pode recebê-lo daquele que o possua em abundância.”

Essa transferência energética é conduzida com base nos princípios de amor, caridade e respeito, pilares fundamentais do Espiritismo.

Objetivo principal: equilíbrio energético e espiritual

O principal propósito do passe espírita é promover o equilíbrio energético e espiritual do indivíduo. Muitas vezes, os desafios da vida cotidiana, como estresse, ansiedade ou mesmo processos emocionais mais profundos, podem desequilibrar nossa energia. O passe atua como um instrumento de auxílio, revigorando as forças físicas e emocionais e ampliando a conexão com o mundo espiritual.

Além disso, o passe não se limita ao aspecto físico. Ele também favorece a reforma íntima, incentivando a reflexão sobre nossas ações, pensamentos e sentimentos. Essa prática é uma expressão do amor ao próximo, um dos ensinamentos centrais da Doutrina Espírita, e convida o indivíduo a buscar o autoconhecimento e o crescimento espiritual.

Para aqueles que enfrentam momentos de luto ou sofrimento emocional, o passe pode ser um consolo espiritual, oferecendo uma sensação de paz e conforto, ao mesmo tempo que reforça a crença na vida após a morte e na continuidade do espírito.

Quem pode ministrar o passe espírita?

Requisitos básicos segundo a codificação de Allan Kardec

De acordo com a Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec, qualquer pessoa pode ministrar o passe espírita, desde que esteja disposta a servir como instrumento de auxílio ao próximo. Não há uma exigência formal de títulos ou habilidades especiais. O que importa, acima de tudo, é a intenção sincera de ajudar e a disposição de se colocar como canal de energias benéficas.

O papel da moralidade e da intenção pura

A moralidade e a intenção pura são fundamentais para quem deseja ministrar o passe. Segundo os ensinamentos espíritas, a energia transmitida durante o passe está diretamente ligada ao estado moral e emocional de quem o aplica. Uma pessoa que busca viver em harmonia com os princípios de amor, caridade e fraternidade tende a ser um canal mais eficaz para as energias espirituais. Como diz o Evangelho segundo o Espiritismo: “Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus.”

Não é necessário ser médium desenvolvido

Um equívoco comum é acreditar que apenas médiuns desenvolvidos podem ministrar o passe. Na verdade, não é necessário ter mediunidade ativa para realizar essa prática. O passe é uma doação de energias fluídicas, e todos nós, em maior ou menor grau, somos capazes de transmiti-las. O que faz a diferença é a sintonia espiritual e a intenção de servir ao próximo, independentemente de habilidades mediúnicas específicas.

Preparação para aplicar o passe

A importância do estudo e da disciplina moral

Para aplicar o passe espírita com segurança e eficácia, é fundamental que o passista busque o conhecimento doutrinário e cultive uma vida moralmente equilibrada. Como ensina Allan Kardec em O Livro dos Espíritos:

“O Espírito, para poder influenciar beneficamente, precisa antes se melhorar.”

Isso significa:

  • Estudar obras espíritas para compreender os mecanismos do passe e da fluidoterapia
  • Praticar o autoconhecimento, identificando e trabalhando suas próprias imperfeições
  • Manter comportamentos e pensamentos elevados no dia a dia

Oração e sintonia com os bons espíritos

A sintonia espiritual é o alicerce invisível do passe. Antes de qualquer aplicação, recomenda-se:

  • Fazer uma oração sincera, pedindo auxílio dos mentores espirituais
  • Buscar um estado de recolhimento interior, esvaziando-se de preocupações materiais
  • Concentrar-se no propósito de amor e doação ao próximo

Como escreveu Emmanuel:

“Toda prece nobre atrai a assistência dos bons Espíritos, que vêm sustentar aquele que ora na execução do bem.”

Ambiente adequado e postura interior

O local e a atitude mental influenciam diretamente na qualidade da transmissão fluídica:

  • Ambiente físico: De preferência tranquilo, limpo e com boa ventilação. Pode ser em um centro espírita ou em casa, desde que o espaço esteja harmonizado
  • Postura do passista: Serenidade, humildade e fé racional são essenciais. O passe não é ato de curandeirismo, mas trabalho de amor mediúnico
  • Estado de espírito: Evitar aplicação do passe em momentos de irritação, cansaço extremo ou perturbação emocional

Lembremos que, como ensina André Luiz:

“A mente é o espelho em que se refletem nossos pensamentos, atraindo companheiros e recursos do plano espiritual conforme nossas afinidades.”

Tipos de passe espírita

Passe magnético (fluidos humanos)

O passe magnético é uma prática que utiliza os fluidos humanos para promover o equilíbrio energético. Ele é realizado por meio da imposição das mãos, onde o passista, através de sua própria energia vital, transmite fluidos benéficos ao assistido. Essa técnica não depende diretamente da atuação dos espíritos, mas sim da capacidade do passista em canalizar e doar sua energia de forma harmoniosa.

Segundo Allan Kardec, em O Livro dos Médiuns, “o fluido magnético é uma emanação do ser humano, que pode ser dirigida pela vontade para o bem ou para o mal”. Por isso, é essencial que o passista esteja em um estado de equilíbrio físico, emocional e espiritual para que a transmissão seja eficaz e benéfica.

Passe espiritual (fluidos dos espíritos)

O passe espiritual, por sua vez, envolve a atuação direta dos espíritos benfeitores. Nesse caso, o passista atua como um intermediário, permitindo que os fluidos espirituais sejam transmitidos ao assistido. Esses fluidos são mais sutis e poderosos, pois emanam de entidades elevadas que atuam em prol do bem-estar e da cura espiritual.

Kardec explica, em A Gênese, que “os espíritos superiores podem transmitir fluidos salutares, que atuam sobre o perispírito e o corpo físico, promovendo a cura e o equilíbrio”. O passe espiritual é, portanto, uma prática profundamente ligada à mediunidade e à sintonia com o plano espiritual.

Diferenças e aplicações

Embora ambos os tipos de passe tenham como objetivo o equilíbrio energético, suas origens e aplicações são distintas. O passe magnético é mais acessível, pois depende apenas da energia humana, enquanto o passe espiritual exige uma conexão mediúnica e a atuação de espíritos.

  • Passe magnético: Indicado para situações de desequilíbrio emocional, cansaço físico ou estresse. É uma prática que pode ser realizada por qualquer pessoa treinada, independentemente de sua mediunidade.
  • Passe espiritual: Recomendado para casos mais complexos, como processos de cura espiritual, desobsessão ou auxílio em situações de sofrimento profundo. Requer a presença de um médium preparado e a sintonia com espíritos benfeitores.

Ambas as práticas são complementares e podem ser utilizadas de acordo com as necessidades do assistido. O importante é que sejam realizadas com amor, respeito e intenção sincera de ajudar o próximo.

Benefícios do passe para quem recebe

Alívio de desequilíbrios físicos e emocionais

O passe espírita é uma prática que tem como principal objetivo o restabelecimento do equilíbrio energético de quem o recebe. Muitas vezes, os desequilíbrios que enfrentamos, tanto físicos quanto emocionais, têm suas raízes em questões espirituais. O passe atua como um fluxo de energia renovadora, que ajuda a dissolver bloqueios e a harmonizar o corpo e a mente. Segundo a Doutrina Espírita, o passe pode auxiliar no alívio de dores, ansiedades e tensões, promovendo uma sensação de bem-estar e serenidade.

Fortalecimento da fé e da conexão espiritual

Receber um passe também pode ser uma experiência profundamente transformadora no que diz respeito à fé e à conexão espiritual. Ao sentir o influxo das energias positivas, o indivíduo é convidado a refletir sobre sua jornada e seu propósito de vida. Essa prática reforça a ideia de que não estamos sozinhos e que há um apoio espiritual sempre disponível. Como afirma Allan Kardec em O Livro dos Médiuns:

“A prece é um poderoso auxiliar nas curas, pois desperta a fé e a confiança no auxílio divino.”

O passe, portanto, pode ser uma porta de entrada para uma relação mais íntima com o plano espiritual.

Casos de alívio em processos de luto

Para aqueles que enfrentam o luto, o passe espírita pode ser um consolo reconfortante. A dor da perda muitas vezes gera um vazio profundo e um desequilíbrio emocional intenso. Nesses momentos, o passe oferece uma suave renovação de energias, ajudando a acalmar o coração e a mente. A Doutrina Espírita ensina que os laços de afeto não se rompem com a morte, e o passe pode auxiliar na compreensão desse vínculo eterno. Muitos relatam sentir uma presença amiga durante e após o passe, o que proporciona alívio e esperança na continuidade da vida espiritual.

Dúvidas comuns sobre o passe

Preciso seguir o Espiritismo para receber?

Uma das dúvidas mais frequentes é se é necessário ser espírita para receber o passe. A resposta é não. O passe é uma prática que pode ser recebida por qualquer pessoa, independentemente de sua crença religiosa. O Espiritismo entende que a energia espiritual é universal e está disponível para todos, sem distinção. O importante é estar aberto e receptivo ao momento, buscando o equilíbrio e o bem-estar. Como diz Allan Kardec em O Livro dos Espíritos: “O verdadeiro espírita não é aquele que crê, mas aquele que pratica o bem.”

Como identificar um passista idôneo?

Identificar um passista idôneo é essencial para garantir que o passe seja realizado com seriedade e respeito. Aqui estão algumas dicas para ajudar nessa escolha:

  • Conhecimento doutrinário: Um bom passista deve ter um entendimento sólido dos princípios espíritas, especialmente sobre a natureza do passe e sua finalidade.
  • Conduta ética: O passista deve agir com humildade, respeito e desprendimento, sem cobranças ou promessas milagrosas.
  • Recomendação: Busque indicações de pessoas de confiança ou de instituições espíritas reconhecidas.
  • Ambiente adequado: O local onde o passe é realizado deve ser tranquilo, limpo e propício à concentração espiritual.

Lembre-se de que o passe é uma doação de energia e amor, e o passista deve ser um canal confiável para essa troca.

Frequência ideal para receber passes

Não há uma regra rígida sobre a frequência ideal para receber passes, pois isso varia de acordo com as necessidades de cada indivíduo. Algumas pessoas podem se beneficiar de passes semanais, enquanto outras podem sentir a necessidade apenas em momentos específicos, como durante crises emocionais ou físicas. O importante é ouvir o próprio corpo e a intuição, buscando o passe quando sentir que precisa de um reforço energético ou espiritual. No entanto, é essencial não depender exclusivamente do passe, mas também trabalhar o autoconhecimento e a reforma íntima, como ensina a Doutrina Espírita.

Reflexão final: o passe como gesto de amor

O passe espírita, mais do que um ato de transmissão de energias, é um gesto de amor e caridade. Ele nos convida a refletir sobre a importância de nos colocarmos como instrumentos de ajuda espiritual, não apenas para aqueles que estão ao nosso redor, mas também para nós mesmos. Afinal, ao doar, recebemos; ao ajudar, somos ajudados.

A importância da caridade e do desprendimento

No Espiritismo, a caridade é considerada a virtude maior, como nos ensina Allan Kardec em O Evangelho Segundo o Espiritismo:

“Fora da caridade não há salvação.”

Isso não se refere apenas à caridade material, mas também à espiritual. O passe é uma forma de caridade, pois envolve desprendimento e doação de energias positivas, visando o bem-estar do próximo.

Quando nos dispomos a dar um passe, estamos praticando a caridade de forma genuína, sem esperar nada em troca. Esse desprendimento é essencial, pois nos liberta do egoísmo e nos conecta com a essência do amor universal. Como diz o ditado espírita: “Quem dá, recebe; quem ensina, aprende.”

Como todos podemos ser instrumentos de ajuda espiritual

Você não precisa ser um médium experiente ou um estudioso do Espiritismo para ser um instrumento de ajuda espiritual. Todos nós, em maior ou menor grau, podemos contribuir para o bem-estar dos outros. Aqui estão algumas maneiras simples de praticar essa ajuda:

  • Ofereça palavras de conforto: Às vezes, uma conversa sincera e acolhedora pode ser tão poderosa quanto um passe.
  • Pratique a oração: A prece é uma forma de elevar as vibrações e enviar boas energias para quem precisa.
  • Seja um exemplo de amor: A caridade começa nas pequenas atitudes do dia a dia, como um sorriso ou um gesto de gentileza.

Lembre-se de que, ao ajudar os outros, você também está se ajudando. A energia que você doa retorna multiplicada, fortalecendo sua própria espiritualidade e conexão com o divino.

Perguntas frequentes

Posso dar um passe mesmo sem ser espírita?
Sim, o passe é um gesto de amor e caridade que pode ser praticado por qualquer pessoa, independentemente de sua religião. O importante é a intenção de ajudar.
Como saber se estou preparado para dar um passe?
Se você tem a intenção sincera de ajudar e está disposto a se doar, já está preparado. A prática e o estudo podem aprimorar sua capacidade, mas o essencial é o amor que você coloca nesse gesto.
O passe pode ser dado a distância?
Sim, a energia espiritual não está limitada pelo espaço físico. A prece e a intenção podem alcançar quem está longe, desde que feitas com sinceridade.

Que possamos, cada um de nós, nos tornar canais de amor e caridade, levando consolo e esperança a todos que cruzam nosso caminho. Afinal, como nos ensina a Doutrina Espírita, o amor é a força que move o universo.

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