É Treze, é sexta-feira!, por Marcelo Henrique e Júlia Schultz – Portal Espiritismo com Kardec – ECK

O Significado dos Números e o Autoconhecimento

O imaginário popular e o inconsciente coletivo são forjados em meio à caminhada gradual da humanidade. Certas situações, enredos ou datas guardam um mistério e alcançam um peso que se consolida, mesmo entre as pessoas mais racionais. No entanto, ao se deparar com determinado diálogo ou notícia, até mesmo os mais lógicos podem ser “contagiados” por superstições e crendices.

O número 13, especialmente quando associado à sexta-feira, é um excelente motivo para refletir sobre razoabilidades e fantasias – e para cada um ponderar o que ressoa com a própria consciência. Antes de nos aprofundarmos, vejamos os “fatos” e os “números” que permeiam essa data.

A Sexta Treze: Os “Fatos”

Inicialmente, o número treze e o dia da semana, associados, têm ligação com os últimos momentos de Yeshua sobre o planeta

Trata-se da sexta-feira da paixão, celebrada, conforme o costume judaico, no dia anterior à Páscoa (que ocorre no dia 14 do mês Nissan, segundo o calendário hebraico). Além de ser o décimo terceiro dia do mês e coincidir com uma sexta-feira, estavam presentes, segundo a tradição cristã, treze pessoas: Yeshua e os doze apóstolos.

Uma lenda nórdica muito antiga conta que a divindade do amor e da beleza, Frigga – que inspirou tanto o nome “Frigadag” quanto “Friday” (sexta-feira, em inglês) – foi transformada na imagem de uma bruxa que, junto a outras onze e ao demônio, totalizou treze entidades para atormentar a humanidade: sexta mais treze.

Nos textos medievais do Século XII, em obras como as Eddas, menciona-se a divindade Loki, conhecida por sua astúcia, manipulação e travessuras. Reza a lenda que, em uma sexta-feira 13, um banquete destinado a doze divindades foi literalmente “completado” com a chegada de uma décima terceira, o que resultou num tumulto que culminou na morte de Balder, o deus mais simpático, e no subsquente amaldiçoamento desta data.

Em 1307, o rei francês Filipe IV ordenou a prisão e execução dos Cavaleiros Templários em uma sexta-feira 13 de outubro, fato que, além de ocultar interesses financeiros, solidificou a associação de sexta-feira 13 a um “dia de azar”. Na mesma época, figuras como Jehanne d’Arc, julgada e condenada por supostas práticas de bruxaria, também contribuíram para o peso negativo atribuído a esse número e data.

O “Poder” dos Números

Para a Numerologia Pitagórica, o número 13 pode ser analisado em dois sentidos:

O primeiro: É representado pelos algarismos 1 e 3. O número 1 simboliza a energia do começo, o brilho do Sol, a individualidade e a coragem, além de ser associado à liderança e à iniciativa. Já o número 3 representa a criatividade, o otimismo e a comunicação – características próprias da juventude, da expressão pessoal e do desejo de aproveitar oportunidades com alegria.

Quando unidos, esses números combinam as características de individualidade e comunicação, fortalecendo o conjunto.

O segundo: Deriva da soma dos dígitos (1 + 3 = 4). O número 4 ganha relevância por simbolizar a energia dos mais velhos, a estabilidade, a estrutura e o planejamento, estabelecendo uma base sólida e uma postura organizada, metódica e conservadora. Essa dualidade entre a iniciativa do 1 e a alegria do 3, confrontada com a necessidade de segurança do 4, permite compreender a “magia” que o número 13 exerce sobre muitos indivíduos.

Dessa forma, a Numerologia orienta a lidar com as características extremas – e, por vezes, contraditórias – desse número, incentivando a prática da comunicação interpessoal aliada à sabedoria e à originalidade.

Vale ponderar que o receio em relação ao treze pode, inconscientemente, representar uma resistência às mudanças e um freio para novas experiências. A postura recomendada é justamente essa: sair da zona de conforto, assumindo riscos de forma calculada e mantendo os pés no chão. Essa dualidade, por vezes confundida com “azar”, é na verdade a manifestação natural do equilíbrio entre o desejo de segurança e a ousadia de inovar.

Sorte ou Azar?

Conforme discutido por alguns estudiosos, a ideia de que determinadas circunstâncias – sorte ou azar – sejam fruto de um “bafejo divino” pode ser simplificada pela noção de que o destino é construído por nossas escolhas e atitudes. Em outras palavras, quando situações de sorte ou azar ocorrem, elas refletem as oportunidades aproveitadas (ou desperdiçadas) no cotidiano, com efeitos positivos ou negativos decorrentes das decisões pessoais.

É tentador atribuir o sucesso ou fracasso de nossas ações a fatores externos ou até mesmo a forças sobrenaturais, mas não há sustentação lógico-racional para tais crenças. Mesmo que muitas pessoas se apeguem a conceitos atávicos e místicos, a realidade dos acontecimentos está enraizada nas nossas escolhas e na responsabilidade de cada um.

A Filosofia Espírita

O Espiritismo, concebido como uma doutrina filosófica fundamentada na racionalidade, afasta-se das explicações místicas e sobrenaturais. Ao estudar os fenômenos da existência e as relações entre Espíritos (encarnados e desencarnados), essa filosofia defende que os acontecimentos resultam de causas anteriores, de acordo com a Lei Universal de Causa e Efeito e dos processos de expiação e prova inerentes à vida.

Nesse sentido, nem uma data, nem um número ou talismã pode interferir no curso natural da existência. O que realmente interfere são as interpretações pessoais e místicas que, ao se enraizarem no medo ou na precaução, podem influenciar nossas ações e, consequentemente, os resultados que experimentamos.

Portanto, a sexta-feira 13 pode ser encarada como um dia comum, composto por 24 horas nas quais podemos estudar, aprender, trabalhar e buscar a felicidade. O ideal é adotar uma postura equilibrada e proativa, valorizando as melhores atitudes e seguindo em frente com determinação.

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