Centenas de novos vírus gigantes descobertos nas águas globais: estudo – NDTV

Centenas de novos vírus gigantes descobertos em águas globais: Estudo

Em um importante avanço científico, pesquisadores descobriram centenas de vírus gigantes previamente desconhecidos nos oceanos de todo o mundo. Liderados pelo biólogo marinho Benjamin Minch e pelo virologista Mohammad Moniruzzaman, da Universidade de Miami, a equipe utilizou softwares avançados para analisar amostras de água do mar e identificar genomas microbianos. Dentre os achados, foram identificados 230 vírus gigantes nunca antes documentados.

Essas descobertas são significativas para a compreensão dos ecossistemas oceânicos, pois ajudam a revelar o papel dos vírus na vida de organismos microscópicos marinhos, conhecidos como protistas – que englobam algas, amebas e flagelados –, essenciais para a cadeia alimentar e a saúde dos oceanos.

O estudo, intitulado “Expansion of the Genomic and Functional Diversity of Global Ocean Giant Viruses” e publicado no Nature npj Viruses em abril de 2025, também caracterizou 530 novas proteínas funcionais, dentre as quais nove estão associadas aos processos de fotossíntese. Esse resultado indica que esses vírus podem manipular seus hospedeiros e o mecanismo fotossintético durante a infecção.

“Ao entender melhor a diversidade e o papel dos vírus gigantes no oceano e como eles interagem com as algas e outros microrganismos, podemos prever e, possivelmente, controlar as proliferações de algas nocivas, que representam riscos à saúde pública em vários locais do mundo”, afirmou Mohammad Moniruzzaman, coautor do estudo e professor assistente do Departamento de Biologia Marinha e Ecologia. Segundo ele, os vírus gigantes são frequentemente responsáveis pela morte de muitos fitoplânctons, elemento fundamental na base da teia alimentar dos ecossistemas oceânicos. As funções inéditas identificadas nesses vírus podem ainda ter potencial biotecnológico, ao representarem enzimas novas.

Até então, os vírus gigantes eram em grande parte imperceptíveis aos métodos científicos tradicionais, devido a limitações nas ferramentas bioinformáticas. Para superar esse desafio, os pesquisadores desenvolveram uma ferramenta inovadora chamada BEREN (Bioinformatic tool for Eukaryotic virus Recovery from Environmental metageNomes), que facilita a identificação desses genomas em grandes conjuntos de dados de sequenciamento de DNA.

Além disso, a equipe utilizou o supercomputador Pegasus, localizado no Frost Institute for Data Science and Computing da Universidade de Miami, para processar e montar metagenomas extensos, possibilitando a reconstrução de centenas de bibliotecas de comunidades microbianas. “Descobrimos que os vírus gigantes possuem genes relacionados a funções celulares, como o metabolismo do carbono e fotossíntese – tradicionalmente encontrados apenas em organismos celulares –, o que sugere que esses vírus exercem um papel importante na manipulação do metabolismo de seus hospedeiros e na biogeoquímica marinha”, destacou Benjamin Minch, autor principal do estudo.

Os pesquisadores ressaltam que esse estudo estabelece uma base para aprimorar as ferramentas de detecção de vírus desconhecidos, contribuindo para o monitoramento da poluição e de patógenos nas vias aquáticas.

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